segunda-feira, 19 de setembro de 2016

3º dia:
a gente já tinha passado umas duas vezes na frente dessa preciosidade e eu a paquerado fortemente.
o que dizer de um lugar que se apresenta na porta como um "restaurante de queijos"?
veja bem, não é loja de queijos, venda de queijos, exposição de queijos, não. é um restaurante de queijos. mais fisgada impossível!
saímos da aula nesse dia já perto das 13h e o plano era ir direto pra casa, onde minha mãe, em visita à gente, ficava com a clarice, nossa caçula, que, estreando sua primeira virose francesa, vomitava e por isso não tinha ido à escola. pensei a tempo, no entanto, que, se conhecia dona consuelo, e eu conheço, a uma hora daquela já tinha comido e dado de comer à nossa pequena há muito tempo. que pena! teríamos então que comer fora nessa cidade onde se come tão mal... (;
no restaurant de fromages a porta não abre. tem que tocar uma campainha para alguém vir abrir. não é requinte ou luxo, mas puro medo de atentado, como veio a me dizer o dono depois. ))));
aliás, uma vez mais, é o próprio dono que toca o negócio todo - talvez o melhor dos ingredientes da comida, pois eis um sujeito super simpático, vindo a desarmar a nossa (minha) timidez com o meu françês neandertal já no primeiro segundo. assim que me ouviu cacofonando "table... pour... deux... s´il vous plaît...", já mandou um "de onde são?" e, ao ouvir "brasil", arriscou um "bom dia" ou algo assim. se era o que ele queria, conseguiu, pois o ombro caiu imediatamente e eu já me senti em casa.
havia 3 opções: podíamos descer para a "cave" de queijo e nos servir à vontade dos queijos (aqueles queijões acompanhados de faquinhas prontas pra tirar as lascas) e de alguma garrafa de vinho exposta pelo caminho; pedir um prato de degustação com mais ou menos 10 queijos pequenos pra cada um, pelo que a gente entendeu; ou 3 sequências de 3 queijos que vinham já combinados (sou muito iniciante pra já jogar um "harmonizados") com 3 taças de vinho. claro que quando a gente ouviu "vin" e o adjetivo 3 do lado, não precisa nem dizer qual foi nossa escolha.
rapaz! que coisa. veio o primeiro pratinho de queijo com uma taça de vinho branco. ele explicou cada um dos queijos e o vinho, suas origens, curiosidades, e tudo mais que se lembrou, sem afetação nenhuma. os pedaços não eram grandes, mas vai comer tanto queijo assim... estufou na hora! e tinha muito pão junto e até uma saladinha, tudo devidamente traçado com muita vontade pela gente.
segundo prato, mais 3 queijos e agora vinho tinto.
pra terminar, mais uma fileira de 3 pedaços e vinho branco de sobremesa.
dentre esses 9 pedaços, o que não vou esquecer nunca mais é que estavam presentes o melhor queijo que já comi na minha vida e também o pior.
começando pelo melhor: não consegui gravar o nome, nem procedência, depois de tanto nome e lugar sendo dito. mas o ditocujo era muito branco e cremoso por dentro, quase um requeijão, e tinha uma casca de pimenta simplesmente incrível. loucamente delicioso. tive que pegar mais do patrick porque vai que a gente nunca mais se veja na vida, meu dileto pedacinho de paraíso em formato fromage.
o pior: sempre achei meio exagerado tanta implicância com queijo fedorento, bolorento etc. só que, claro, até agora meu cardápio de queijos desse tipo não passava de um brie ou outro, um roquefort talvez, um camembert, tudo com o selo "pão de açúcar". pois não preciso dizer muito mais a não ser o comentário do patrick assim que o provou: "meu deus, não desejo esse queijo nem pro meu pior inimigo!". a última foto é exatamente desse triste momento da vida do patrick e também fala por si. vide abaixo.
o único problema é que tudo isso era servido em ritmo de tartaruga, para casais que iam chegando e nenhum com cara de ter criança doente em casa. eu tava meio agoniada, pois 3 da tarde ainda estávamos terminando o banquete.
queijos pra dentro (a não ser o feito com chulé e o odor de outras partes menos fofas do corpo não lavadas há muito tempo, claro), um baguete de pão inteiro só na minha barriga pra conseguir convencer meu inconsciente que aquilo era o meu almoço, e uma conta justa de 48 euros paga, saímos pra encontrar, após uma pedalada a jato turbinada pela culpa, uma menininha já zero bala! parfait!
fe



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